Derramando Palavras
domingo, 22 de junho de 2014
Amor feminino
Há saudades que são nostalgias
De algo não vivido. São tristes.
Há saudades que não são vazias
Como o CD do Sinatra,
Ainda sobre o aparador:Cheia de alegrias, cheiros,
Imagens, palavras...
Flores, velas, jantar,
Toques, risos, dança
Saudades com alegria
Brilhos nos olhos que denunciam
Que o amor ainda está lá.
O tempo passou pela nossa pele
Não somos os mesmos de dez anos atrás
Mas ainda somos nós...
Desejo e amor, entre alegrias e alguma dor
É porque há um amor feminino:
Incansável!
Mesmo quando se cansa,
Descansa e prossegue...
O tempo não o esgota,
Apenas transforma
Num diferente ardor
E, por não saber outro nome,
Ainda chama-se, amor!
Autoria: RozeMeire dos Reis
Noivas de Maio
Maio chega com rajadas de ventos
desfolhando flores,
enfeitando as cidades,
fertilizando os campos,
balançando lembranças caídas
dos galhos da infância.
Houve um tempo em que maio
era o mês dos sonhos,
dos enlaces jurados,
de amor eterno,
de abençoados cuidados,
um caminho ditado para a tal felicidade!
As noivas de maio anunciavam-se,
embevecidas como a brisa das manhãs,
em seus vestidos brancos de caudas esvoaçantes
e cascatas de véus deslumbrantes:
estandartes da virtude guardada,
escondendo o medo em sorrisos tensos -
Seria doce prisão ou suave liberdade?
Houve um tempo em que esses sonhos
eram pacientemente bordados
em lençóis de seda e em jogos de cambraia,
no preparo da mesa , no enfeite da casa
a mostrar que a moça valia bem mais
que o dom do seu nome
e do que o peso dos seus dotes.
Houve um tempo em que, no cair do dia,
as meninas ouviam avós doces, suspirosas,
narrando as agruras do amor platônico
das noivas roubadas por príncipes encantados,
das que eram abandonadas e enlouqueciam,
virando fantasmas nas madrugadas...
As noivas mudaram,
mas ainda sonham com a alegoria
dos vestidos e véus
que agora comportam todas as cores
revestindo o sonho secular
em que o amor quer,
de dois, fazer um!
Maio se vai sem glamour.
Dezembro tomou seu lugar.
A fantasia atravessa fronteiras às pressas
e presa do desejo sem cais,
entre um e outro dia,
um mesmo casal se faz,
se desfaz e se refaz!
Contemplando as flores de maio
caídas dos amores formais e informais,
a poeta se pergunta:
felizes somos nós ou felizes eram as nossas avós?
desfolhando flores,
enfeitando as cidades,
fertilizando os campos,
balançando lembranças caídas
dos galhos da infância.
Houve um tempo em que maio
era o mês dos sonhos,
dos enlaces jurados,
de amor eterno,
de abençoados cuidados,
um caminho ditado para a tal felicidade!
As noivas de maio anunciavam-se,
embevecidas como a brisa das manhãs,
em seus vestidos brancos de caudas esvoaçantes
e cascatas de véus deslumbrantes:
estandartes da virtude guardada,
escondendo o medo em sorrisos tensos -
Seria doce prisão ou suave liberdade?
Houve um tempo em que esses sonhos
eram pacientemente bordados
em lençóis de seda e em jogos de cambraia,
no preparo da mesa , no enfeite da casa
a mostrar que a moça valia bem mais
que o dom do seu nome
e do que o peso dos seus dotes.
Houve um tempo em que, no cair do dia,
as meninas ouviam avós doces, suspirosas,
narrando as agruras do amor platônico
das noivas roubadas por príncipes encantados,
das que eram abandonadas e enlouqueciam,
virando fantasmas nas madrugadas...
As noivas mudaram,
mas ainda sonham com a alegoria
dos vestidos e véus
que agora comportam todas as cores
revestindo o sonho secular
em que o amor quer,
de dois, fazer um!
Maio se vai sem glamour.
Dezembro tomou seu lugar.
A fantasia atravessa fronteiras às pressas
e presa do desejo sem cais,
entre um e outro dia,
um mesmo casal se faz,
se desfaz e se refaz!
Contemplando as flores de maio
caídas dos amores formais e informais,
a poeta se pergunta:
felizes somos nós ou felizes eram as nossas avós?
Autoria: RozeMeire dos Reis
Marcas
A alegria, tímida
Encontra um caminho
Desliza mansinha
Como a garoa que cai
No vão de um abraço
O abraço deixa seu traço
No brilho dos olhos
No cheiro da pele
Na lágrima que cai
No vão da saudade
A saudade deixa sua cor
Arco-íris, cinzas sobre tom
No espaço de um amor
Que o sonho embotou
No vão de uma vida
A vida deixa de embaraços
Anseia por outros sabores
Novos voos
Na tensão da vontade
Que não se esgotou!
Autoria:RozeMeire dos Reis
domingo, 23 de fevereiro de 2014
Entre as placas de neon
Meus olhos cansados percorrem as ruas da cidade
com a dureza de suas pedras
sem ar circulante
que se pensam belas
porque têm espelhos dourados
e luzes ofuscantes
nessa cara de sábado, esmagada
entre as placas de neon.
Meus ouvidos sensíveis se perdem nos labirintos
dos ruídos vorazes
de incessantes afazeres
dos homens e suas máquinas
desfilando peitos espumantes
vazando iras inflamáveis
nessa cara de domingo, esmagada
entre as placas de neon.
Minha alma menina teme a cidade
com a frieza dos homens de pedra
com suas mãos de traição
com seus ruídos de morte
e cheiros de gases amortecedores.
Quem? Quem? Quem?
Eles têm os mesmos olhos
a mesma tez
e andam lado a lado
com os corações de algodão
de doçura cega, surda e calada
pela fúrias dos sons e das luzes espelhadas
nessa cara de segunda, terça, quarta...
sombreadas,
pelas placas de neon!
( porque tem dias em que, nessa selva de pedra, a gente experimenta o melhor e o pior do bicho homem!).
Rozemeire Reis
sábado, 24 de agosto de 2013
Janela Literária
Da janela do facebook olho as oferendas de alegria, carinho e fantasias. Muitos pedem, sem saber, reconhecimento existencial. Da janela da sala vejo um mendigo caminhando. Um dia ele também quis reconhecimento. Hoje, só a anestesia do dia. Segue invisível para a narcísica rede social.
Ele está literalmente offline! Nem vê a poesia na gota do orvalho que cai ou no balanço das folhas ao redor. É um fantasma que arrasta o esqueleto. Ele se esvai na noite e esvazia o meu olhar.
( Rozemeire dos Reis para o Projeto: O que eu vejo da minha janela).
Esse belo projeto foi coordenado pela escritora Gloria Kirinus e pelo poeta Jean Foucault. A generosidade desses idealizadores abriu espaço para os escritores de todos os lugares, independente da trajetória artística e reuniu, em alguns eventos em Curitiba, os amantes das palavras em verso e prosa. Os textos enviados para esta janela literária, por autores de diversas nacionalidades, resultou na publicação de um livro bilíngue, Ce que je vois de ma fenêtre/O que eu vejo da minha janela - Éditions Corps Puce. O livro está à venda na livraria Poetria.
Meus agradecimentos aos coordenadores pela alegria de experimentar uma nova forma de expressão. Parabéns pelo espírito de partilha, pela habilidade de mobilização e pela alegria, simplicidade e profundidade que pudemos presenciar nos encontros poéticos!
domingo, 23 de setembro de 2012
Licor das horas
Amor
trave dilacerante
dentro da noite.
Face ondulada
e conzenta
sob névoas e absinto.
Calor das mãos - suores e pratos.
Corte à faca, rente e profundo
junto ao peito
no coração.
Thereza Crhistina Rocque da Motta - Joio e Trigo
trave dilacerante
dentro da noite.
Face ondulada
e conzenta
sob névoas e absinto.
Calor das mãos - suores e pratos.
Corte à faca, rente e profundo
junto ao peito
no coração.
Thereza Crhistina Rocque da Motta - Joio e Trigo
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